sábado, 8 de fevereiro de 2014

A Cultura do Achismo

Ter uma opinião sobre um determinado assunto é fundamental. Mas a cultura do achismo atrapalha a construção de um argumento válido?


A noite está escura e o céu está nublado. Andando pela rua deserta, se vê uma figura vindo em direção contrária. A cada passo a figura se revela um homem, vestido com trapilhos e, aparentemente, pobre. Anda malandramente, com sagacidade e rapidez. Uma pessoa vendo esta situação se vê em uma posição delicada e precisa fazer uma rápida leitura do quê está observando. Ir para o outro lado da rua para evitar um possível assalto, parece ser o mais sensato a se fazer.

Esse tipo de situação é relativamente constante na sociedade na qual vive-se atualmente. A tal leitura citada é o quê a pessoa que se encontra nesta posição, acha do tal homem em trapilhos. Essa ferramenta é bastante utilizada, mas era mais importante na época onde o homem era nômade e "não-civilizado". Em situações onde o homem era em um determinado momento caçador e em outro caça, isso era fundamental para a sobrevivência dos nossos antepassados. E esta característica foi carregada durante os séculos, até os dias atuais. Sem a mesma aplicação, claro, mas a teoria permanece a mesma: Em momentos onde uma leitura rápida dos momentos é necessária, este truque entra em jogo, abrindo um "leque-mental" de opções. O que a pessoa na situação acima acha sobre o homem, teoricamente, pobre? À partir do que ele acha, o homem visualiza as opções. Sobre tudo, não necessariamente sobre situações de "perigo". 

Valoriza-se muito este comportamento como um dogma. A base de toda a sociedade é construída no que o povo que ali vive, acha sobre o mundo e as coisas que os cercam. Claro que este tipo de pensamento sobre a realidade não é sustentado por fatos ou argumentos concretos. Mas pode ser útil para preservar uma carteira, ou um pedaço de carne recém caçado por um homem nômade. Porém, se usado com muita frequência, cresce o preconceito. A ideia de que todo homem andando na noite de forma malandra, possui um trejeito de "batedor de carteiras". Ou de que todo religioso é ignorante. Ou de que todo ateu é satanista. O Achismo nada mais é do que uma forma de defesa para aquilo que não compreende-se em um primeiro contato, nem para aquilo que se vivencia normalmente. Deve haver, portanto um equilíbrio para o que se acha sobre as coisas sem um argumento concreto e pesquisar sobre aquele determinado assunto, tentar entende-lo, ou dissipar algum preconceito existente. 

Saber que valoriza-se muito este comportamento é fundamental para não torná-lo um vício que contamina muitas pessoas hoje em dia, e muitas não refletem sobre o que realmente às cercam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário